22.8.11

Para que serve a poesia...




"Toda a habitação (toda a existência) supõe uma relação com os lugares, quer sejam ocupados, deixados ou atravessados, lembrados ou imaginados, próximos ou longínquos. Razão por que, mais ou menos, toda a poesia é, segundo a expressão de Goethe, poesia de circunstância. Conquanto tome em consideração o que nela há de contingência irredutível ao conceito (e, logo, à linguagem), o poema é a experimentação de um indisponível que outros chamarão de sagrado..."

Jean-Claude Pinson
in "Para que serve a poesia hoje?" p:38

20.8.11

Luz de Lisboa


















 Lisboa

A luz vinha devagar
Através do firmamento...
Vinha e ficava no ar,
Parada por um momento,
A ver a terra passar
No seu térreo movimento.

Depois caía em toalha
Sobre as dobras da cidade;
Caía sobre a mortalha
De ambições e de poalha,
Quase com brutalidade.

O rio, ao lado, corria
A querer fugir do abraço;
Numa vela que se abria,
E onde um sorriso batia,
O mar já era um regaço.

Mas a luz podia mais,
Voava mais do que a vela;
E o Tejo e os areais
Tingiam-se dos sinais
De uma doença amarela.

Ardia em brasa o Castelo,
Tinha febre o casario;
Cada vez mais nosso e belo,
O profeta do Restelo
Punha as sombras num navio...

Nas casas da Mouraria,
Doirada, a prostituição
Era só melancolia;
Só longínqua nostalgia
De amor e navegação.
(...)

Miguel Torga, in “Poesia Completa”

Fotografia tirada no terraço do Hotel Mundial

10.8.11

Participação no 6º CIPED









No âmbito desta investigação, será feita uma comunicação no 6ª Congresso Internacional de Pesquisa em Design, a realizar nos dias 10, 11 e 12 de Outubro na Fundação Calouste Gulbenkian

Título: Design, para a Inteligibilidade e Fruição do Património Intangível
Subtítulo:Design, Lisboa e Poesia

Sumário:
Esta comunicação tem por objectivo apresentar uma investigação que está a ser desenvolvida no âmbito de um doutoramento em design, e na qual se pretende comprovar a importância da disciplina na sociedade contemporânea, designadamente na identificação e preservação do património intangível. Por via da investigação, e do rigor projectual, pretende comprovar-se que a poesia é património intangível da cidade de Lisboa e que o design é determinante no desenvolvimento de conceitos e estratégias que possibilitem e incentivem o diálogo entre os cidadãos e a sua história, evidenciem vivências passadas e presentes, construindo assim, as memórias do futuro. Assegurando, enfim, a identidade local e a diversidade cultural universal, no mundo global em que vivemos.