3.4.10

Dia Mundial da Poesia

O dia Mundial da Poesia foi celebrado em Lisboa, pela Casa Fernando Pessoa com a realização de uma feira de livros de poesia e outros eventos no Jardim da Parada em Campo de Ourique e a leitura de poemas de Álvaro de Campos por Carlos Paulo. Em termos visuais, nada há a registar para além de uns telões desengraçados, com poemas (sem menção da autoria), suspensos em árvores do jardim.

Jardim da Parada

No entanto, a comemoração permitiu revisitar a casa de Fernando Pessoa, que desde 16 de Setembro tem uma alma nova, encontrando-se agora, tanto no interior como no exterior repleta de “novos” poemas de Fernando Pessoa. Segundo Inês Pedrosa, o projecto expositivo tem por base o conceito da “impossibilidade de uma fixação «fidedigna» ou «definitiva» da obra de Pessoa”

Assim, foi aplicado um programa informático a uma ode de Ricardo Reis repleta de anotações/variantes, tendo desta articulação resultado 28 224 poemas que estão agora inscritos nas paredes exteriores e interiores da Casa, produzindo um notável efeito reverberativo.




No CCB, o dia da Mundial da Poesia foi intensamente comemorado. Durante todo o dia em diversas salas, o público podia ouvir recitar os poemas do seu poeta preferido, ou porque não mesmo, dizê-lo. Para tal, existia um espaço aberto à participação do público sob o tema “diga lá um poema”.

De salientar a enorme afluência de público que circulava de sala em sala.

Em termos visuais, apenas a exposição de Salete Tavares, marcava presença com a sua poesia gráfica numa exposição intitulada “desalinho das linhas”. A autora foi artista, escritora e co-fundadora do movimento de poesia experimental.

A exposição estará patente ao público até18 de Abril e foi registada num catálogo editado pelo Centro Cultural de Belém com texto de Rui Torres, organização e design gráfico do atelier B2 – Salete e José Brandão.












Aranha, tipografia, 1963

Reflexões em torno das conferências

“Visões sobre o futuro” por António Câmara

“a melhor e mais útil tecnologia do mundo não pode impor-se a um público não preparado. Porque pode não haver espaço para ela na nossa psicologia colectiva.”
Derrick de Kerckhove in “A pele da cultura”


Partindo deste pensamento, que me parece relevante no contexto das conferências e das angustias que suscitaram, como também do pressuposto que continua pertinente, afigura-se-me que o seu contrário, votará ao fracasso qualquer projecto cultural quando não acompanhado destas mesmas tecnologias. Tal projecto será totalmente rejeitado pela nossa “nova” psicologia colectiva. Esta reflexão leva-me a pensar que qualquer tipo de dinamização do espaço público ou qualquer género de comunicação, terão necessariamente que estabelecer situações de compromisso entre cultura e tecnologia, para que não se caia num esvaziamento e numa superficialidade também referidos como preocupantes pelo Prof. António Câmara.

Neste sentido, os programas culturais terão que integrar as novas tendências e valências tecnológicas, visto a nossa psicologia colectiva há muito ter incorporado um novo modelo comportamental onde a experiência multi-sensorial, o acesso à informação e a possibilidade de participação activa em tempo real e de forma lúdica, fazem já parte do nosso presente. Além do mais, a participação em redes sociais, em realidades virtuais ou imersivas, é cada vez mais uma realidade dominante.

Considero que este ciclo de conferências foi relevante para a minha investigação. Estas “visões do futuro” do professor António Câmara, suscitaram reflexões sobre as novas realidades e tendências, bem como sobre o impacto que terão na sociedade e na cultura de um futuro cada vez mais presente.