Últimas leituras

No âmbito do Design, os estudos realizados vão no sentido de consolidar e validar conhecimentos teóricos e práticos sobre design em geral e, em particular, acerca da sua dimensão ética, estética, processual, funcional, de uso e simbólica. Sendo de salientar as seguintes obras/autores


AA.VV. - Design Studies - A reader. Edited by CLARK, Hazel. BRODY, David. Oxford - New York: Berg, 2009.
Esta obra foi particularmente importante para a investigação por apresentar uma colectânea de textos de diversos autores que reflectem sobre problemáticas contemporâneas, segundo uma perspectiva de intervenção do design, dos quais se salientam os seguintes: “Responses to Globalization” de JULIER, Guy (p.433 a 436), refere que a criação de uma imagem de marca para as cidades é uma situação emergente, sendo referida a cidade de Barcelona como um caso de sucesso.

MANZINI, Ezio no seu texto “A cosmopolitan Localism – prospects for a sustainable local development and the possible role of design” (p.448 a 453), refere a importância da construção de recursos para o desenvolvimento da cultura local como forma de ampliação de uma identidade localmente enraizada, mas aberta aos fluxos globais, à informação e às pessoas.

APPADURAI, Arjun, no texto “Modernity at Large”, reflecte sobre as noções de centro e periferia, actualmente muito distantes do modelo tradicional. Refere que globalização da cultura, não é o mesmo que homogeneização de cultura, todavia a globalização faz uso de grande variedade de instrumentos de homogeneização (publicidade, linguagem e etc), que são absorvidos pelas economias locais, políticas e culturais. Outra questão relevante para esta investigação abordada neste texto, é a questão da identidade cultural que não pode ser confundida com identidade nacional ou nacionalismo.

ALDERSLEY-WILLIAMS, Hugh no texto “Globalism, Nationalism, and Design” defende, em termos de design, a necessidade da existência de uma identidade local, em oposição a um design universal (dando como exemplo a Bauhaus), mas que esta identidade não possa ser, em caso algum, confundida com o nacionalismo, como aconteceu no século passado. Esta identidade contribuiria para a preservação da diversidade cultural, referindo o autor que o design tem possibilidade de mostrar as características nacionais ou regionais e fazê-las ter visibilidade na “aldeia global”, onde todos nos situamos.

BERMAN, David B. - Do Good. How Designers Can Change the World. Berkeley, California: New Riders and AIGA Design Press, 2009.
Nesta obra, o autor apela à consciência dos designers enquanto produtores de mensagens que veiculam ideias que circulam pelo mundo, as quais influenciam e induzem opções sociais, políticas e de consumo, razão pela qual devem estar alinhadas com um compromisso de sustentabilidade para com o futuro das culturas humanas e da civilização.

FLUSSER, Vilém - O Mundo codificado - Por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Cosac Naify, 2007.
Nesta obra, Vilém Flusser apresenta uma série de pequenos ensaios nos quais reflecte sobre assuntos relacionados directa ou indirectamente com design, nomeadamente sobre a linguagem verbal do ponto de vista etimológico, ou ainda sobre a imaterialidade das realidades virtuais actuais. Encontram-se nesta situação as imagens electrónicas (filmes, microfilmes, hologramas, software, dados armazenados em computadores) que constituem um ambiente cada vez mais impalpável e a consequente relação do ser humano com este ambiente, defendendo o autor que estamos cada vez mais interessados em consumir informações e cada vez menos em possuir coisas. Antevê um novo Homem como um performer, Homo Ludens e não como um Homo Faber, para quem não importa ter ou fazer, mas sim conhecer, experimentar e vivenciar.

LIDWELL, William. HOLDEN, Kritina. BUTLER, Jill - Universal Principles of Design. Massachusetts: Rockport Publishers, 2003.
Nesta obra, os autores apresentam uma sistematização dos princípios básicos inerentes à funcionalidade em design, e ao modo como o nosso cérebro processa e se apropria de informações e mensagens explícitas e/ou subliminares.

TUFTE, Edward R. - Envisioning Information. Cheshire, Connecticut: Graphic Press, 1990.
Nesta obra, Tuft demonstra sob a forma de inúmeros exemplos, que a excelência gráfica na comunicação se consegue através da simplificação e depuração de ideias complexas, possibilitando uma informação acessível, uma leitura rápida e eficiente. Referindo que a melhor forma de comunicar é dar ao observador o maior número de ideias num menor espaço, tanto temporal como físico, e com o mínimo desperdício de meios. Encontram-se neste contexto os mapas, os esquemas e os gráficos. Nestes são conjugadas múltiplas e variadas informações com veracidade e rigor, as quais necessitam de ser comunicadas de forma fácil e eficaz.

TUFTE, Edward R. - The Visual Display of Quantitative Information. Cheshire, Connecticut: Graphic Press, 1982.
Este livro apresenta-nos uma extensa recolha e análise da informação esquemática produzida ao longo da história, comprovando a possibilidade de comunicar conceitos e ideias de forma universal através de imagens, palavras e números.


No estudo relativo às cidades e espaço público pretende-se identificar as realidades, necessidades, fragilidades e potencialidades bem como a influência positiva e negativa que a globalização introduz nas cidades

DIAS, Manuel Graça - Manual das Cidades. Lisboa: Relógio D’Água, 2006
Nesta colectânea de crónicas publicadas no jornal “Expresso” o autor faz a apologia da vida na cidade, enquanto espaço de liberdade, de diferenciação, de encontro e de trocas que estas diferenças propiciam. Também no que se refere ao património edificado, o autor refere a importância do diálogo existente entre passado e presente e das dinâmicas que proporcionam. Defende a importância do espaço público no contexto da cidade, como forma de vivencia colectiva, em oposição à tendência crescente de isolamento para que os “produtos” contemporâneos (televisão, vídeo, transporte privado, centros comerciais) nos remetem.

FORTUNA, Carlos (org.) – Cidade, Cultura e Globalização – ensaios de sociologia. Oeiras: Celta, 2001
Diferentes autores apresentam reflexões sobre os temas indicados no título. Salientam-se (no âmbito desta investigação) os textos de: WISTH, Louis (pp.45 a 65) com o título “Urbanismo como modo de vida” que é dedicado à análise de dados, quantitativos e qualitativos do índice de crescimento da urbanidade e as respectivas repercussões sociais e culturais.

FEATHERSTONE, Mike no texto “Culturas globais e culturas Locais” (pp.83 a 103) aborda questões relacionadas com os efeitos da globalização na cultura local e a consciência que esta promove, no que se refere à diversidade cultural existente no mundo. Refere a importância da cultura local e de todo o ambiente físico ao qual se podem incorporar rituais, símbolos ou cerimónias, que contribuem para reforçar sentimentos de pertença, assumindo-se enquanto lugar de experiências vividas.
Na III parte deste livro, são apresentadas ocorrências em locais específicos, surgindo estes como estudos de caso do confronto entre local e global e a afirmação de uma identidade própria ocorrida em algumas cidades.

GOITIA, Fernando Chueca – Breve História do Urbanismo. Lisboa: Editorial Presença, 2006
Nesta obra faz-se uma relação dos diferentes tipos de cidade. Define-se a cidade moderna enquanto local de convergência entre antigas e modernas estruturas e modos de vida. Refere o autor que a cidade é um ser histórico e também um cenário histórico. Da história universal à local é na cidade que tudo se forja, esquematiza e acelera. É também na cidade que ficam registadas todas as memórias. A cidade constitui-se como um imenso arquivo histórico.

LOPES, Rodrigo - A cidade intencional. Rio de Janeiro: MAUAD Ed., 1998
Esta obra aborda a importância da afirmação identitária das cidades, facto que constitui um imenso desafio face a um panorama extremamente competitivo dentro do mercado global. A cidade intencional, será assim, uma cidade construída de forma a desenvolver os seus pontos fortes e colmatar os pontos fracos. As cidades históricas (nomeadamente da Europa) podem assumir o seu património revelando que o seu valor intrínseco pode ser suficiente para dar às cidades uma adequada capacidade para criação de riquezas e oportunidades, como forma de afirmação perante os fluxos globais. Defendendo-se dos malefícios impostos pelo mercado global.


Memória e a identidade e as principais razões para a atenção privilegiada que estes dois aspectos assumem nas sociedades contemporâneas, são também objecto de estudo nesta investigação.

FORTUNA, Carlos - Identidades, percursos, paisagens culturais. Oeiras: Celta Editores, 1999
Foi particularmente relevante para esta investigação a análise sobre o turismo que se desenrola em contextos urbanos. Aqui o autor aborda a questão da irreprodutibilidade da cidade que começa a ser posta em causa pela globalização que introduz as mesmas cadeias de pronto-a-vestir, pronto-a-comer, os mesmos hotéis e lojas comerciais. Referindo que é na singularidade que está o encanto da cidade.

HALL, Stuart – A identidade cultural na pós-modernidade. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 2004
Esta obra, teve particular interesse nesta investigação, por possibilitar uma visão histórica da noção de identidade cultural. Inicialmente centrada no sujeito, a identidade vai sendo reajustada de acordo com as alterações sociais até à actualidade, onde a globalização permite ao sujeito optar por uma qualquer identidade não ancorada num espaço ou num tempo reais, facto que se traduzirá em homogeneização cultural. Também segundo o autor, é possível observar que a par da globalização, caminha uma tendência de reforço identitário local. Esta obra contribuiu para a consolidação de conceitos como a importância da criação de narrativas ou representações que possibilitem um reforço identitário associado a um determinado lugar, como forma de combater a homogeneização cultural.

HUYSSEN, Andreas – Seduzidos pela memória. Rio de Janeiro: Aeroplano Editora/Universidade Candido Mendes/Museu de Arte Moderna R. J, 2000
Nesta obra o autor disserta acerca da importância que a memória assume na contemporaneidade e sobre os factores que a levaram a assumir um protagonismo central ao nível político e cultural, referindo que todas as estratégias públicas e privadas tentam combater o receio e a perigosidade do esquecimento. Este facto decorre das alterações à nossa percepção de tempo e espaço, enfatizado pela fragilidade dos arquivos digitais onde depositamos todas as nossas memórias. Aqui o museu, ou em nosso entender, a necessidade de tudo musealizar, surge como compensação a estas fragilidades

MELO, Alexandre – Globalização Cultural. Lisboa: Quimera, 2002
Nesta obra, o autor defende que a história da globalização se confunde com a história da humanidade, tendo sofrido um processo de grande aceleração nas últimas décadas. Considera o autor, que a globalização não consiste num processo de anulação de diferenças, mas pelo contrário num fenómeno de reprodução, reestruturação e sobreposição dessas mesmas diferenças. Defendendo ainda que globalização e diversidade caminham juntas, porque a oferta de “produtos” globais vem incentivar o desenvolvimento de “produtos” locais. Para tal devem ser adoptadas políticas culturais activas e específicas que potenciem e dinamizem a cultura local, enriquecendo desse modo o património cultural global.


Património Cultural Intangível e a sua importância na contemporaneidade

MEDEIROS, António; RAMOS, Manuel João (Coord.) – Memória e artifício. Lisboa: Sociedade de Geografia de Lisboa, 2009
Nesta obra, vários autores reflectem sobre património e temáticas relacionadas com a sua salvaguarda e comunicação. Afiguram-se-nos relevantes para esta investigação o texto de CAMPOS, Xaquin S. Rodriguez. Os perigos da cultura-espectáculo: turismo e identidade local. Neste texto é referido que o turismo e a cultura global acabam por alavancar as culturas locais e que a cultura, seja em que dimensão for, acaba por gerar humanização e mobilizar cidadanias urbanas.

MARTINS, Guilherme d’Oliveira – Património, herança e memória. Lisboa: Gradiva, 2009
Nesta obra, foi relevante para esta investigação a dissertação do autor acerca da importância da língua enquanto património e factor de diversidade, que deve ser cultivada através da leitura e do contacto com os escritores e a sua melhor escrita.

Revistas, catálogos e actas de congressos e conferências
Museus e Património Imaterial – Agentes, fronteiras, identidades. Paulo Ferreira da Costa (coord.). Lisboa: IMC, 2009
Deste livro, produzido a partira das actas do ciclo de colóquios “Museus e Património Imaterial: agentes fronteiras, identidades”, consideramos como importantes elementos de trabalho o texto de CABRAL, Clara Bertrand. “A Convenção da UNESCO: inventários e salvaguarda”, no qual se faz um pequeno historial da missão, composição e principais linhas de acção da UNESCO. A autora apresenta uma lista das convenções ratificadas por Portugal, na área da cultura. Referindo ainda os critérios para inscrição na lista representativa do PCI da humanidade, e de inscrição na lista do PCI que necessita de salvaguarda urgente. São também aqui apresentadas as orientações para procedimento de inventariação do PCI.
Um outro texto da autoria de CLARO, João Martins. “Aspectos Jurídicos do Património Cultural Imaterial”, que aborda as problemáticas relacionadas com o Património Cultural Imaterial, segundo uma perspectiva da sua natureza e regulação jurídica.

VV. AA. – O francês no Brasil”. São Paulo: Museu da Língua Portuguesa, 2009
Neste catálogo da exposição “O francês no Brasil” promovida pelo Museu da Língua em S. Paulo, é feito um levantamento da trajectória e influência do Francês na Língua Portuguesa falada no Brasil. Refere-se a importância que a língua teve na construção da identidade brasileira, porque à língua foram associados ideias, hábitos e a própria visão do mundo, pois como é referido na nota de abertura deste catálogo “as palavras nunca chegam sozinhas” (p.4)

PH Cuadernos 17 – Patrimonio Inmaterial y Gestion de la Diversidad. Sevilla: Junta de Andalucia; Consejeria de Cultura, 2005
Nesta publicação salientam-se os seguintes textos: “La Convención para la Savaguardia del Patrimonio Cultural inmaterial” de BRUGMAN, Fernando, é feito um balanço histórico da evolução do conceito de património cultural, através dos documentos gerados pela UNESCO, incluindo o documento que serviu de base à Convenção para a salvaguarda do Património Cultural Imaterial.
“El flamenco como objeto de deseo. Autenticidad, mercado y políticas culturales” de ROLDÁN, Cristina Cruces. abordam temas como a importância do património intangível como instrumento de diversidade cultural,


Novas tendências e abordagens museológicas, possibilidade de aproximação e de diálogo com as comunidades

FERNÁNDEZ, Luis Alonso. (1999) – Introducción a la nueva museologia. Madrid: Alianza editorial, 2003.
Nesta obra, o autor faz um levantamento histórico da museologia, com particular incidência nas denominadas “novas museologias” que têm início em 1958. Através de referências a autores com visões diversas sobre museus, museologia e museografia, permite-nos construir um pensamento teórico sobre os temas em questão, contribuindo deste modo para a estruturação de conceitos operativos desta investigação, como museografia e nova museologia. De referir também a existência de um glossário de termos relacionados com museu e museologia, que pode ser objecto de consulta durante a investigação.

GANT, María Luisa Belhido – Arte, museos y nuevas tecnologias. Gijon: Ediciones Trea, 2001
Nesta obra, a autora refere que a aproximação entre arte e tecnologia modificaram a percepção que temos da obra de arte. Este facto influencia o modo de pensar a museologia e a museografia, devido à imaterialidade crescente nas obras de arte, que no entanto continuam a ter necessidade de ser reconhecidas e preservadas. Facto igualmente importante, foi o campo de possibilidade que as tecnologias trouxeram ao processo de musealização de obras de arte. Para além disto, a sociedade passou a exigir ao museu uma maior representatividade da sua identidade. De salientar que esta obra possui uma extensa bibliografia que será estudada no decorrer desta investigação.

PINHEIRO, Gabriela Vaz (coord.) – Curadoria do Local. Torres Vedras: ArtinSite, 2005
Este livro reúne os textos apresentados pelos autores ao “1º Encontro Internacional sobre a Importância do Local no Pensamento e na Arte Contemporâneos” e coloca questões sobre a importância da arte no espaço público, e formas de viver e fruir a cidade através de processos relacionados com museografias emergentes.

Revistas e catálogos
Hermes – Revista de Museologia, nº 1. Gijon: Ediciones Trea, 2009
Esta revista dedica-se à análise das novas correntes museológicas e museográficas, sendo de referir o texto “Las museografias emergentes en el espacio europeo occidental” da autoria de CARDONA, Francesc Xavier Hérnandez que aborda o conceito de museografias emergentes e os postulados que as regem, com especial referencia à museografia de cidades. Defende o autor que o espaço público cumpre cada vez menos a função que anteriormente lhe estava dedicada e que por esta razão é importante a sua dinamização através de projectos museográficos.
O texto de TOMASA, Eudald e SERRA, Rosa. “La museografia audiovisual e hipermedia y sus aplicaciones en el monasterio de Sant Benet de Bages (Barcelona)”, aborda através do exemplo referido no título a importância e a possibilidade determinante dos recursos audiovisuais e informáticos na experienciação de conteúdos expositivos. É defendido no texto que a interactividade permite apelar a dimensões sensoriais que possibilitam a apreensão de conhecimentos de forma muito mais eficaz.

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