28.1.10

Paisagens invisíveis

“Os outros não são para nós mais que paisagem, e, quase sempre, paisagem invisível de rua conhecida
Livro do desassossego de Bernardo Soares 

Através do heterónimo de Bernardo Soares, é assim que Fernando Pessoa se refere às pessoas com as quais nos cruzamos nas ruas e, a quem, não atribuímos sentimentos, angustias, tristezas ou alegrias. Pouco mais são, para nós, do que matéria.

Se, de certa forma isto é verdade em relação às pessoas, que dizer então das ruas que habitamos?

Conhecemos cada rua, cada esquina, cada prédio, cada café, aos quais estão associadas um sem número de paisagens invisíveis. A paisagem, não é mais do que uma construção do olhar, de um ponto de vista, e este depende sempre da nossa cultura, das nossas memórias e das nossas percepções.

As ruas do centro histórico da cidade de Lisboa, sobejamente conhecidas, estão povoadas de inúmeras paisagens invisíveis, constituídas por sensações e memórias, registadas e ampliadas nas obras poéticas que sobre elas foram escritas e que importa revelar, de modo a possibilitar múltiplos olhares, diferentes leituras da paisagem e a experienciação da cidade através de diferentes derivas literárias.

Este pequeno intróito tem por objectivo justificar o nome dado ao blogue, e descrever o âmago do projecto de investigação em design o qual se pretende assim revelar.

Assim, este blogue, funcionará como instrumento de disseminação do conhecimento adquirido no âmbito da investigação em design, que me encontro a desenvolver.

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

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  2. "Ante meus olhos tudo. Não é muito para que eu sinta uma existência pronta a comover-se por saber que existe."

    PALLA, Victor e Costa Martins in LISBOA, Cidade Triste e Alegre

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