4.2.10

Participação no 5º CIPED em Bauru

No âmbito desta investigação foi apresentada, ao “Congresso Internacional de Pesquisa em Design” realizado em Bauru - S. Paulo, nos dias 10, 11 e 12 de Outubro, uma comunicação com o título: “Design para a fruição poética da cidade”

Resumo
“Ao Design apresentam-se novos desafios sociais e culturais, nomeadamente no que ao património imaterial (poesia) diz respeito, a sua articulação com a cidade, o natural reforço do espírito do lugar que daí decorre, a função pedagógica e lúdica resultante desta articulação e a sua posterior conversão em reforço identitário.”

Nesta apresentação, optou-se por fazer uma demonstração da mais valia que constituiria conhecermos um lugar, através do olhar de um poeta. O espaço abordado foi circunscrito ao largo do Teatro Nacional de S. Carlos, Igreja dos Mártires e ruas adjacentes, que foram lugares de referência para Fernando Pessoa. Foi num prédio em frente ao teatro que o poeta nasceu e onde viveu com os pais, irmão mais novo e avó paterna até à morte do pai, sendo patente na sua obra a nostalgia e a memória feliz que conservou deste lugar, e que expressa do seguinte modo:

Todo o teatro é o meu quintal, a minha infância
Está em todos os lugares, e a bola vem a tocar música,
Uma música triste e vaga que passeia no meu quintal
Vestida de cão verde tornando-se jockey amarelo…
(Tão rápida gira a bola entre mim e os músicos…)
PESSOA, Fernando. Obra Poética I Volume. Lisboa: Círculo de Leitores, 1986 (p180)
Ou, na voz do seu heterónimo Álvaro de Campos:


No tempo em que festejavam o dia dos meus anos
Eu era feliz e ninguém estava morto.
Na casa antiga, até eu fazer anos era uma tradição de há muitos séculos,
E a alegria de todos, e a minha, estava certa como uma religião qualquer.


CAMPOS, Álvaro – Poesias de Álvaro de Campos. Lisboa: Edições Ática, 1980 (p284)

Também a Igreja dos Mártires onde Pessoa foi baptizado, nas imediações do teatro, é referencia na sua obra aludindo a ela desta forma:

Ó sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro da minha alma.
PESSOA, Fernando. Obra Poética I Volume. Lisboa: Círculo de Leitores, 1986 (p211)

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