26.8.10

CIDAG

Realizar-se-á em Lisboa de 27 a 29 de Outubro de 2010, a 1ª Conferência Internacional em Design e Artes Gráficas (CIDAG), organizada pelo ISEC e pelo IPT, contará com a presença de individualidades de relevo mundial.
No âmbito da presente investigação foi apresentada, a esta conferência, uma comunicação da qual se publica o resumo:

Design, património intangível e responsabilidade social

Se a responsabilidade social do designer é extremamente significativa no que se refere às questões relacionadas com a protecção ambiental, não o é menos no que concerne à protecção da diversidade cultural, pois a globalização introduz dinâmicas que tendem a contribuir para uma grande homogeneização. Como forma de obstar a esta realidade foi aprovada pela UNESCO, em 2003, a “Convenção para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial”. Este património é a expressão sensível, emocional e subtil da identidade de um povo ou de uma comunidade, construída e alicerçada de geração em geração e que necessita de ser preservada.

Considera-se que o design pode ter um papel determinante na preservação do património intangível, pois este necessita ser comunicado e transmitido com rigor, contemplando todas as subtilezas de que é constituído. Na prática do design, conferir inteligibilidade a conceitos complicados, simplificando e depurando ideias complexas, é um procedimento comum. A melhor forma de comunicar é dar ao observador o maior número de ideias num menor espaço, tanto temporal como físico, e com o mínimo desperdício de meios. Encontram-se neste contexto mapas e esquemas, nos quais são conjugadas múltiplas e variadas informações com veracidade e rigor [1].

No entanto a fruição associada à experienciação assume na actualidade um lugar preponderante. Estamos cada vez mais interessados em consumir informações e cada vez menos em fazer ou possuir coisas. O homem será cada vez mais um performer, um Homo Ludens e não um Homo Faber, para o qual não importa ter ou fazer, mas sim conhecer e vivenciar [2]. Também neste âmbito, o design associando conhecimentos teóricos e investigação, recorrendo à criatividade e à tecnologia, pode possibilitar abordagens culturais criativas e dinâmicas, no sentido de propiciar experiências lúdicas, que se oponham à actual tendência de homogeneização das sociedades, a qual deriva do processo de grande aceleração da globalização. Criando assim condições para que a globalização não consista num processo de anulação de diferenças, mas que caminhe a par da diversidade, o que será possível se a oferta de “produtos” globais vier incentivar o desenvolvimento de “produtos” locais através de processos criativos [3].

Da interligação destas questões surgiu uma investigação no âmbito do design que pretende através de um suporte teórico e de uma prática projectual, comprovar que esta área disciplinar possui as ferramentas necessárias para preservar o Património Intangível, possibilitando a inteligibilidade e fruição da poesia que sobre a cidade de Lisboa foi escrita, ancorando-a ao seu património material. Ao fazê-lo, contribuirá para a assumpção e dinamização das características e particularidades da cultura local, enriquecendo também deste modo o património cultural global.

Referências bibliográficas
[1] E. Tufte, Envisioning Information, Graphic Press, 1ª Ed.: Cheshire Connecticut, 1990.
[2] V. Flusser, Vilém, O Mundo codificado -por uma filosofia do design e da comunicação, Cosac Naify, 1ª Ed.: São Paulo, 2007.
[3] A. Melo, Globalização cultural, Quimera, 1ªEd.: Lisboa, 2002.

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